Às pampas

Da erva-das-pampas muito se poderá dizer, seja a respeito da sua invasão fashionista neste continente, ocupando espaço onde deveriam estar plantas nativas e animais poder alimentar-se ou mover-se, seja a propósito das suas nefastas características para o ser humano, nomeadamente, no que a eventuais alergias e cortes da pele diz respeito. Dependendo dos algoritmos, não há dia a que não se assista a um desenrolar infindável do tema nas redes sociais, o mesmo não se verificando a propósito das acácias alastrando nas margens fluviais de um Alentejo cuja bio-diversidade moribunda àquelas e outras se vai rendendo, da pastorícia excessiva que por ali grassa ou da monocultura chatíssima nas artes arredadas de centros urbanos. É uma infodemia derivada da preguiça, mais que da malícia, que a par da estupidez e egoísmo naturais vão dando cabo de quaisquer intenções diferenciadas.

As viagens de intercidades democratizaram-se, finalmente, como na Alemanha, com o novo passe verde, que a elas me garante o acesso diário por vinte euros mensais. Fui de novo a Lisboa, deparando-me com a paisagem das pampas ao chegar ao cais do Oriente. Tem sido um grande interregno nas viagens, no encontro de entes queridos, no acesso à cultura, nas inspirações alheias à realidade concreta e natural. Entretanto, passei no exame de código e sobrevivi a um tempo imenso de introspecção e interrogações várias, como, por exemplo, que fazer no território cuidando de espécies exóticas na sua possível coexistência com as autóctones: a dizimação a qualquer custo não é resposta. E o conhecimento de causa tem valor muito para além daquele das verdades parciais repetidas até ao vómito.



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