Podia Estar Melhor

Anda-se pelo Está Bem à tardinha, como de manhã e pela penumbra, olhando em volta perscrutando ruídos e vultos suspeitos de tombo, sufoco ou arrasto. Serão árvores caídas nas tempestades, ao longo dos anos. Outras, ainda de joelhos, a quem os membros, rotineiramente, vão sendo decepados e depois atirados para o leito ou para as margens da ribeira. Passa o tractor do rústico abrindo caminho após caminho, enquanto assim pastoreia esfaimadas ovelhas e nos vai aterrorizando, com maior ou menor distância, como aos cães moídos de gritos e pancada; de quando em vez, uma ou outra mão ávida de azeitonas, nêsperas ou laranjas deixando feridas. De resto, lixo e silêncio, este também dos guarda-rios que já nem por aí além cá estão.

Sábias há, no entanto, - poucas, quase extintas, -  que por aqui e ali seguem avisando. Chegassem suas cartas a destino competente, bastasse um telefonema a quem de direito, não reinasse a incúria dos que, através de algoritmos, dizem reger, como a leviandade dos que dela ao longe das mansões na cidade se aproveitam e, ao perto, na preguiça generalizada, se não imiscuem, e todos estaríamos descansados. Os destroços aguardam os tumultos depois dos fogos e das cheias, a nós cabe-nos, ainda, auscultar desconfortos e receios, promover cidadania. 

Prevenção e parcimónia, sabemos o bem que a todos traria.



Na ponte da Ribeira de Telhares, concelho de Odemira,
sem manutenção desde 2012-14
(trabalhos posteriores às cheias de 2006)


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