Exército de Salvação

A última pomada verde de Berlim acabou, agora tenho Salvia officinalis na terra faz um ano. Resta saber como destilar. Os sapos já saíram à noite em pares e trios ou a solo pela humidade morna afora, por vezes desfazendo-se num trágico abraço no meio da estrada. Durante o dia deparamo-nos com os despojos dos corpos esmagados, para sempre no alcatrão embrenhados. Ou até que alguém se compadeça e os faça tornar composto. Vou por ali já nem sempre recolhendo o lixo remanescente nas margens, irritam-me todos os resquícios da sociedade do cansaço. Faço-me de morta como os anfíbios em excursão camaleónica pelas redondezas, só que por dentro às horas de encontros e das visitas. Ouço a ribeira correr, límpida, para já serena. Todavia ainda falta chuva. Não tarde coaxar-se-à aos brados.


(…) a ideia da transição da “sociedade disciplinar”, a sociedade do sujeito de obediência, para a “sociedade do desempenho” (que não deixa de ser disciplinar), aquela em que o sujeito passou a se ver como o “empresário de si mesmo”, uma nova alienação que o torna senhor e escravo, algoz e vítima ao mesmo tempo. Para Han, essa “sociedade do desempenho” gerou a atual “sociedade do cansaço” que produz as psicopatias (individuais e coletivas) e diversas patologias mentais como depressão, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtorno de personalidade limítrofe (TPL) e a síndrome de Burnout, já bem conhecidas de todos nós. Aliás, um diagnóstico que Nietzsche já fazia na sua época: “por falta de repouso nossa civilização caminha para uma nova barbárie”. https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/tres-impasses-para-o-futuro-da-civilizacao/

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