Nêsperas e pepinos

Dentro de dois dias celebramos dois anos de Está Bem. Este Verão não teremos doces tomates a rodos, mas na Primavera pudemos criar as galinhas a nêsperas colhidas, directamente, no galinheiro; não fossem as pombas grandes ladras e a fartura teria sido quase inesgotável, como os pepinos de que teremos de fazer conservas, já que, por enquanto, serão escassas as visitas no calor que, de novo, se anuncia. Entre sequiosos humanos, gulosas galinhas e a reticência ciumenta da cadela, não daremos cabo deles.

Ando em busca do mínimo denominador comum, não para agilizar cálculos mentais, mas para assegurar correspondências palpáveis entre a realidade e os contornos que em mim dela divergem num sentido mais lógico ou útil à paz e ao bem estar. Tento, por isso, não desembarcar em portos frágeis, convidem eles ao sonho como à nostalgia, ao medo como à desesperança, que tão atraente se revela no quotidiano exterior  do corrente. Há um certo apelo no que ficou para trás passado este tempo, o mais curioso é sempre aquilo que fica por explicar ou arrumar em caixotes que agora se desfazem, finalmente, quase, quase até ao último pedaço de cartão. Há sempre mais caixinhas dentro das caixas, pó por limpar, etc. Não sei se quero ir por aí. Não sei se sou capaz de o evitar. Trago em mim todos os atalhos possíveis numa imensa estrada alcatroada, mas é mesmo por caminhos de terra que os nossos passos, para além do lamaçal que tenho escolhido preterir, acabam por revelar-se. 

É a olhar para cima que vamos indo, confiando nas fundações.



 

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