Uma Pegada Ecológica
Ele apareceu com um bronzeado recente e o desejo de estar presente, que não é coisa pouca ou habitualmente real. Foi-se embora de volta à Babilónia, com um ovo cozido do galinheiro e um copo de tinto do garrafão, no último combóio para Faro - que, desta vez, chegou com uma hora e quarenta minutos de atraso anunciado já a espera ia longa e surda. Ela tinha aparecido dias antes, apaziguando o maior sufoco decorrente das últimas semanas de luta laboral e dos seus ecos no plano conjugal - nada nos preparara para a solidão concreta quando quase tudo se destina a falir e pouco sustento sobra, nem a esperança. Ambos foram celebrados a fogo e estrelas, as despedidas feitas de calos. Ficou o sumo dessa troca objectiva a que sempre aspiramos, mas que raras vezes somos capazes de vislumbrar sem lupa:
reciprocidade.
Enquanto isso, os jovens à vista seguem o seu individualista rumo no excesso, no prazer e no consumismo, tal qual nós antes deles e os outros que virão depois ainda, se lá chegarem, não fossem as margens de que nunca almejámos sair para a feroz correnteza que tudo leva, parece dizer agora aquele meu amigo (que diz que talvez seja melhor pensar um pouco, um pouco…), um pouco em oposição ao que afirmava Brecht no famoso poema:
Do rio que tudo arrasta diz-se que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem.
Enviado por Cláudio da Silva via WhatsApp a 20.10.25:










👏👏👏
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