Acreditar duvidando
A amizade na vida adulta depende pouco de gostos partilhados, mas não dispensa dádivas de apreço mútuo; sejam elas derivadas do tempo investido e passando, necessariamente, pela comunicação clara e mais ou menos assídua (sendo que memórias únicas de gratidão poderão ir colmatando eventuais faltas de consistência e/ou transparência), nelas a intimidade terá que ir fazendo, mais cedo que tarde, parte da feliz equação de real parceria. Quando nesta se vislumbram fossos, temo que, desejando manter o que une, há que tentar transpô-los. Acredito que o conforto seja vital em qualquer convivência, muitas vezes para melhor ir atravessando agruras da vida que se diz própria, mas, mais ainda, quero continuar crendo em relações genuínas e duradouras, nas quais no espaço de interferência é inadiável alguma coragem para confrontar diferenças e materializar confiança.
Dúvidas à parte, é sempre refrescante conseguir forjar dedicação efectiva por oposição aos presentes que, em ocasiões particulares de calendário, nos obrigamos a adquirir e fazer desfilar numa montra de infantil satisfação imediata… ainda que os resultados decorrentes dos meus dotes artesanais fiquem, com frequência, tão aquém dos imaginados. Diz-se, nestas e noutras circunstâncias, justamente ou não, que a intenção é que conta. Há momentos em que não compreendo que contará de facto para os demais.
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