Cabriolices e Ovelhas Negras
Creio ter sido a minha afilhada quem já me falara da dita ovelha, estou mesmo a vê-la com aquele ar malandro a apregoar: ovelha Choné! Talvez ela me tenha mostrado um bonequinho da ovelha. Se calhar andava a chamar ovelha Choné ao seu pai; também posso, claramente, imaginar essa cena, em que ele é a ovelhinha, todo contente balindo pela casa fora, e ela rindo-se que nem uma perdida. Ainda bem que há quem saiba permanecer, saudavelmente, um pouco choné.
Há coisas que não se explicam, por mais absurdas ou até injustas que nos possam parecer. Talvez, mesmo sem Deus ou destino, haja tormentas que, invariavelmente, nos calhem porque com elas podemos, como agora e tantas vezes, demasiadas, até aqui, ao meu amor e a mim, que nos temos como poucos, mas também tanto e tantos a que atender, frequentemente, antes de podermos valer a ambos. Talvez seja isso o amor ao próximo, porque nos queremos, podêmo-lo. Talvez também por isso nos valhamos sempre mais, ainda que já nos coubesse tão só tresmalhar a gosto.
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