Do Amor

O jardineiro não está, mas a sua obra permanece. Hoje descobri os narcisos em flor e dei por um sorriso novo: o ano passado tinha-os comprado, desta vez não foi preciso… ele lembrou-se da minha afeição por estas flores amarelas, aparentemente vaidosas, mas tão simples, que, juntamente, com os crocus lilases, para além dos botõezinhos em inúmeros arbustos que ainda não sei identificar, pontuam agora os nossos pequenos prados para abelhinhas e demais insectos. Que linda surpresa, muito melhor que um bouquet! Nunca me cansarei de contar que tudo isto nasceu da pedra e da nossa vontade de a ocupar cuidando; continuar esse cuidado é apenas querer querendo. 

Dei de comer aos pássaros selvagens, regozijando com o meu cafézinho ao sol, o feliz saltitar do gato e as cores novas no verde e no castanho. Finalmente, o anúncio claro da Primavera, que diz estar atrasada. 

Depois chegou a minha explicanda mais activa no jardim e dedicámo-nos a plantar os primeiros rebentinhos nas caixas de legumes: rúcula, beterraba, pepino e pimento vermelho. Terra, regar, sementes, legumes, pá: foram estas as palavras que hoje reteve através da prática. E eu retive, de novo, a leveza que a existência também oferece quando me dou ao tempo e à disposição de a registar com a mente e o corpo todo.














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