O café
Passados quatro dias, já temos uma mesa de trabalho e um sofá na futura biblioteca. Os caixotes dos livros lá estão, enfim juntos, empilhados ao longo da maior parede. A bicicleta está montada e as cadeiras do jardim de Berlim também já estão no pátio; no alpendre pusemos o nosso banco de café, frente à janela onde sonho servir refrescos, bicas e petiscos.
Chegou o momento de montar o gira discos, desempoeirar a Maria - que era como os meus pais chamavam ao carrinho com rodas dos anos 70, que fazia as vezes de uma criada (diziam, ironicamente, à laia de valores ancestrais, por ventura alheios) -, encostá-la à parede e recheá-la devagar com algumas cassetes, cds e vinis. Escovar as portadas e limpar os vidros da janela, o pó, a arca. Lavar o chão, fechar a porta, escolher um disco, sentar-me na cadeira de baloiço e chorar um bocadinho. Sabe bem, consola.
Depois do jantar há festa na aldeia.
Manuel Freire - Pedra Filosofal - YouTube
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